terça-feira, 26 de janeiro de 2016

dispensa de perfeição

t. wants to videotalk with me. not a chance in bloody hell. he would be able to see how tired, dishevelled, old, hopeless and overworked I am right now. há miúdas que fazem isto todo o santo dia, o que interessa é o aspecto (aspêto) na caixinha móvel. nós, os últimos guerreiros livres, insubmissos. atrapalhados, calões, vagabundos, perdidos da vida e com maus dentes. todos os risos são agora pepsodent e o riso pepsodent passou a ser a frase de um tempo passado.
o marido da m. foi "dispensado", o último do seu departamento, com um salário grande de profissional especializado com trinta anos de experiência. ela quer enviá-lo para acções solidárias ou outros entretenimentos porque o homem está a dar em louco em casa. louco de não ter programa, louco de fazer contas ao que tem e ao tempo que ainda falta para pedir a reforma. é um homem no auge da sua capacidade de trabalho eficiente.
are you happy with your life today? todos os dias dou graças para cair nas boas graças dos deuses, que me mantenham por muito tempo neste pico de montanha em vias de desmoronamento. a ilusão é breve.
o., esse engenheiro louco e de riso fácil, não chega a sentir que é dor a dor que deveras sente. é o caminho dos loucos, dos apaixonados, dos idealistas e dos que acreditam com o corpo e com a fé em alguma coisa, como os revolucionários, o revolucionário que sempre foi desde rapazinho quando o conheci com a cara cheia de borbulhas, as que eu tinha na testa. tudo ia ser diferente e possível, vamos conseguir isto e aquilo, tenho estes planos todos e vens comigo. vou! não fui.

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