sábado, 23 de janeiro de 2016

sufixar

querida Miriam, aprendo turco, custe o que custar: sem livros, sem professor, sem tempo, sem turcos. é um desafio de pelo menos três anos já. Ayse, a rapariga da Anatólia que me tentava ensinar a loucura dos sufixos pelo meio das nossas conversas de geo-política, sumiu-se para Ankara e não sei se regressa.
a culpa foi toda do j. que, das possíveis ofertas, escolheu o Kara Kitap. de repente foi um novelo e encontrar a alma-gémea numa cidade. aquele lugar é como olhar-me de fora. se as teias dos meus enredos ganhassem forma, essa forma seria Istambul. dura, doce, mergulhada do tempo, no caos, no fio da navalha, onde tudo são espelhos e nada corresponde à literalidade da luz lisboeta. violência, uma, amabilidade triste, outra.

quase nos cinquenta tenho dezoito antes que se abram os portões de ferro, diz o poeta. quem sabe, ninguém sabe, o mundo é sonho.

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